Agronegócio Brasileiro no Acordo UE-Mercosul
Acordo UE-Mercosul: Avanços e Desafios para o Agronegócio Brasileiro
Após mais de 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia anunciaram, em 6 de dezembro de 2024, a conclusão de um histórico acordo comercial durante a Cúpula do Mercosul, em Montevidéu. O pacto prevê redução de tarifas, facilitação de investimentos e ampliação do comércio entre os blocos, com potencial de beneficiar o Brasil, especialmente no agronegócio.
O anúncio foi precedido por tensões diplomáticas e comerciais. Na semana anterior, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, declarou que a rede não compraria mais carne do Mercosul, em apoio a agricultores franceses contrários ao acordo. A declaração gerou uma crise: frigoríficos brasileiros interromperam o fornecimento à rede no Brasil em protesto.
Diante da repercussão negativa, Bompard enviou uma carta ao governo brasileiro no dia 26 de novembro pedindo desculpas, reconhecendo a qualidade da carne brasileira e reafirmando o compromisso da empresa com os produtores locais. Com o gesto, o fornecimento de carnes foi retomado.
Enquanto isso, em Brasília, representantes do Mercosul e da União Europeia realizaram reuniões decisivas para finalizar o acordo. O governo brasileiro demonstrou otimismo, apostando no apoio de países como Alemanha e Espanha, apesar da forte oposição da França. O presidente Emmanuel Macron reiterou seu repúdio ao tratado, acompanhado por votação simbólica do parlamento francês contra o acordo.
O pacto, considerado a maior parceria de comércio e investimento já estabelecida, ainda precisa vencer barreiras políticas na Europa, especialmente a resistência francesa. A expectativa é que o acordo beneficie o Brasil com aumento nas exportações de produtos agrícolas, como carne, café e frutas, além de maior competitividade no mercado global.
Estudos apontam que o acordo pode gerar impacto positivo no PIB brasileiro, com aumento acumulado de 0,46% até 2040, equivalente a US$ 9,3 bilhões anuais. Apesar disso, há críticas de setores industriais que temem perda de competitividade e emprego.
Benefícios para o Agronegócio Brasileiro
O acordo entre Mercosul e União Europeia prevê benefícios significativos para produtos agrícolas brasileiros, como café, carnes e frutas (abacate, limão, melão, uva e maçã). Esses itens entrarão no mercado europeu sem tarifas e sem cotas.
Para carnes, haverá uma cota adicional de 99 mil toneladas com tarifa reduzida de 7,5% e a extinção da alíquota de 20% da Cota Hilton. Apesar das vantagens, o impacto será limitado devido à proteção do mercado europeu, que mantém restrições tarifárias em vários produtos.
O etanol industrial terá tarifa zerada gradualmente, com cota inicial de 450 mil toneladas, enquanto o etanol combustível terá uma cota de 200 mil toneladas com tarifas reduzidas. O açúcar também se beneficiará de cotas específicas e tarifas reduzidas.
Embora o acordo abra novas oportunidades, especialistas destacam que as cotas tarifárias continuam limitadas para setores como carne bovina, restringindo o potencial de crescimento das exportações brasileiras.
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