
Mato Grosso dribla dependência dos EUA e mostra força na diversificação das exportações
Mato Grosso se consolidou como o segundo estado brasileiro com menor dependência comercial dos Estados Unidos. Apenas 1,5% de tudo que é exportado por lá teve como destino o mercado norte-americano em 2024, segundo dados recentes. À frente de Mato Grosso, somente Roraima, com 0,3% da pauta exportadora voltada aos EUA.
Essa baixa dependência se mostrou um diferencial competitivo em meio ao cenário internacional atual, marcado pela imposição de tarifas adicionais de 50% por parte dos EUA sobre diversos produtos brasileiros. Com a nova taxação, estados mais dependentes podem sofrer perdas bilionárias. No caso de Mato Grosso, os impactos devem ser consideravelmente mais amenos.
Diversificação de destinos e produtos é chave da resiliência
O desempenho do estado é resultado direto de uma estratégia clara: diversificar mercados e produtos exportados. A China, por exemplo, já representa cerca de 45,9% das exportações mato-grossenses, enquanto outros 146 países, como Turquia, Vietnã, Tailândia e Espanha, também compõem a carteira de destinos.
Na pauta de produtos, o estado vem se destacando com novos itens de valor agregado, como:
-Pulses (grãos secos como feijões e lentilhas),
-DDG (resíduo da produção de etanol de milho),
-Gergelim (o estado responde por 70% da produção nacional),
-Carne bovina congelada,
-Soja, milho e derivados.
Essa combinação de mercados diversos e produtos com ampla aceitação internacional protege o estado de medidas protecionistas adotadas por países como os EUA.
Tarifação dos EUA: impactos limitados em MT
A decisão americana de sobretaxar em 50% setores como materiais de construção, aeronaves, pescados e peles, deve afetar diretamente exportações brasileiras que, em 2024, somaram US$ 20,3 bilhões em produtos direcionados aos EUA. No entanto, a fatia de Mato Grosso nesse total é pequena, o que reduz os danos esperados.
Mesmo setores como o da carne bovina — um dos mais fortes do estado — devem sentir pouco os efeitos. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), apenas 7,2% da carne bovina exportada aos EUA teve origem em Mato Grosso. Ainda assim, o estado registrou um crescimento de 5,4% no volume total de carnes exportadas no primeiro semestre de 2025, totalizando 371,7 mil toneladas.
Estima-se que, mesmo com as tarifas aplicadas, o prejuízo para o estado não ultrapasse R$ 648 milhões — cerca de 0,21% do PIB mato-grossense.
Oportunidade para o Brasil repensar sua pauta exportadora
O exemplo de Mato Grosso reforça uma lição estratégica para o Brasil: é preciso reduzir a dependência de poucos mercados compradores. A diversificação de destinos e a ampliação do portfólio exportável são caminhos essenciais para garantir estabilidade diante de variações políticas, econômicas e tarifárias.
Além disso, investir em acordos comerciais com novos blocos econômicos, fortalecer a rastreabilidade da produção e atender às exigências sanitárias e ambientais dos mercados mais exigentes são medidas que devem fazer parte do planejamento das empresas exportadoras brasileiras.
Mato Grosso se tornou um caso de sucesso ao mostrar que é possível crescer no comércio exterior com menos dependência dos Estados Unidos. A capacidade de adaptação às exigências internacionais, aliada à ampliação de mercados, mostra o caminho para outras regiões do país que ainda concentram boa parte de suas exportações em poucos parceiros.
Em tempos de guerra comercial, tarifas e instabilidade geopolítica, diversificar não é apenas uma estratégia é uma necessidade.
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